Imagine um sistema de iluminação que pudesse voar e iluminar as edificações ou nos guiar individualmente através do espaço. O que aconteceria ainda se pudéssemos interagir com esses pixels voadores? Esses conceitos poderiam ser concretizados num futuro próximo ao passo que os primeiro protótipos e experimentos são introduzidos. LEDs controlados por softwares combinados à tecnologia dos drones proporcionariam extraordinárias possibilidades de induzir a novas formas de experiência espacial. Essas nuvens de pixels luminosos emergiriam como padrões digitais, mas ao mesmo tempo criariam uma atmosfera romântica ao formar constelações no céu noturno. Os primeiros projetos compartilham um caráter lúdico, porém, laboratórios como o MIT's SENSEable City Lab, o ARES Lab e o Ars Electronica Futurelab mostraram um futuro fascinante no desenho urbano para os sistemas de orientação ou previsão de desenvolvimentos imobiliários, ao passo que avanços na tecnologia de baterias e controle sem fio abriram novas perspectivas para uma vida com pixels voadores inteligentes.
Em 2010 o MIT´s SENSEable City Lab e o Aerospace Robotics and Embedded Systems Laboratory (ARES Lab) desenvolveram sua proposta para pixels voadores baseada em micro helicópteros. A animação "Flyfire" demonstra como helicópteros auto-organizados poderiam conter pequenos LEDs, que agem como pixels inteligentes. Essa pesquisa do MIT foi guiada principalmente pela ideia de gerar um visor de forma livre em um espaço tridimensional, onde cada pixel emite uma luz colorida e pode reconfigurar o visor de diferentes formas. O projeto Flyfire apresentou um conceito inovador, e especialistas em aeronáutica como Emilio Frazzoli constataram em 2010: "Hoje somos capazes de controlar simultaneamente um punhado de micro-helicópteros, mas com Flyfire buscamos aumentar a escala e alcançar números muito altos."
Dois anos depois, o Ars Electronica Futurelab transformou esse projeto de uma nuvem composta por pequenas luzes no primeiro protótipo real. Quarenta e nove quadricópteros portando um sistema programável de LED foram lançados ao ar e criaram figuras 3D dinâmicas no céu noturno durante o 2012 Ars Electronica Festival em Linz. Para olhos não treinados, as formações luminosas podem ter parecido uma frota de pequenos OVNIs pairando sobre os espectadores.
Desde a bem sucedida estréia em 2012, os chamados "Spaxels" - uma mistura das palavras "space" [espaço] e "pixel" - foram apresentados em diversos festivais na Europa, Oriente Médio e Austrália. A coreografia de luz inclui várias formas, cores e intensidades para apresentações espetaculares que contam também com acompanhamento musical. Devido ao relativamente grande elemento difusor abaixo do módulo de LED, os spaxels alcançam uma boa visibilidade.
Horst Hörtner, diretor do Ars Electronica Futurelab, foi um passo além quando apresentou o projeto "Smart Atoms" no 2014 Ars Electronica Festival. Ele criou linhas virtuais com uma nova geração de spaxels e diretamente reconfigurava suas localizações para criar novas formas no espaço. Dessa forma, Hörtner controlava os quadricópteros reais e modificava a rede virtual entre eles. Essa instalação abriu uma perspectiva inovadora para a interação humana com pixels. Com esses desenvolvimentos, a ideia de hologramas inteligentes parece estar cada vez mais próxima
Ao contrário das aplicações prévias com drones, o recente projeto SPARKED transformou a aparência técnica dos quadricópteros em diversas luminárias dançantes para um conto de fantasia. Com SPARKED a equipe formada pela colaboração entre o Cirque du Soleil, ETH Zurich, e Verity Studios explorou a dimensão estética dos quadricópteros. Pela primeira vez os pixels luminosos voadores são dissolvidos em objetos de design. Os materiais, formas e texturas individuais renderam aos drones uma personalidade para além das diferentes cores.
Essa imagens tridimensionais dinâmicas mudarão o modo como nós analisamos e simulamos o ambiente construído em espaços internos e externos. Aplicações futuras podem variar de soluções temporárias de orientação espacial em ambientes urbanos - seja para eventos ou situações de emergência - à visualização de volumes a serem construídos na renovação de espaços internos ou para a discussão das dimensões de empreendimentos imobiliários futuros. Os pixels luminosos voadores permitirão facilmente a simulação dinâmica de diferentes tamanhos e formas de edifícios na busca pela solução mais adequada. Para o turismo, os spaxels podem assumir o papel de guias, apontando as camadas histórias da cidade.
Light matters, uma coluna mensal sobre luz e espaço, é escrita por Thomas Schielke. Residindo na Alemanha, Schielke é fascinado por iluminação arquitetônica, já publicou diversos artigos e é coautor do livro "Light Perspectives". Para mais informações acesse www.arclighting.de ou siga-o em @arcspaces